quinta-feira, 11 de setembro de 2014

O Boi Bordado

Nasci na usina Cutinga, no interior da Bahia
Tenho por nome Francisco, Araújo, nome de pia;
Registrado naquela freguesia.

Com a morte de minha mãe, fiquei aos cuidados
De minha madrinha de crisma. Havia nela a pluralidade do amor familiar.
Que me presenteou com um boi malhado,
Mas logo o batizei.
De “boi bordado”.

Não era boi de carroça! mas me servia como montaria.
Foi montado no boi bordado que frequentei a cidade vizinha,
Quando lá me afeiçoei a uma cabocla.
- Sublime! Expressou meu coração,
Ela se chamava Ainá.
A visão que eu tinha dela era singular.

Ao completar a idade, na Marinha me alistei,
Mudei para a Capital levando em meu coração
A lembraça da cabocla.
De posse de meu diploma,
À Uzina retornei,
Montei no boi bordado
E parti em busca da cabocla que por ali deixei.
O casório aconteceu assim que a encontrei.

Entre os convivas estava um amigo,
Que antes me prometera: - Estarei nesse casório!
Por isso não me espantei
Quando na festa o encontrei.
Depois de algum tempo,
Foi nascendo o fruto desta bendita união,
Qquatro  meninas foi o presente desta relação,
Uma que veio por afeição,
Que amo igualmente,
Pois todas moram em nossos corações.

Hoje ao contar minha história, posso repetir com segurança o que disse o poeta: -Sou dono do meu destino, sou capitão da minha alma¹. Perdi algunhas batalhas, mas venci as mais importantes da vida, espero com segurança o meu entardecer. Cultivando sempre aquele amor inicial, aos cuidados da minha madrinha. Que me deu tanto amor maternal, e na lembrança, meu saudoso boi bordado.

             

¹Willian ernest henley.