Na Espanha, Américas, Peru, Colômbia e México são permitidas as famosas
touradas. Tudo ocorre em nome da tradição. Por curiosidade,
resolvi assistir pela internet uma destas famosas touradas. Foi fácil
verificar que os touros usam sua imensa
força até a total exaustão, enquanto os toureiros, com longa capa de duas cores, tentam distrair o animal, desviando-lhe a atenção.
Elegantemente vestido, o toureiro com suas brilhante vestes, inicia a luta com esta desigualdade; com sua afiada espada em uma das mãos. Para confundir o touro, usa sua capa, e aos poucos vai minando a força
do poderoso “oponente”. Ao fim ,
já sem forças, o irracional touro dobra as patas dianteiras. Neste momento o
toureiro recebe o auxílio de um de seus ajudantes, determinando
o fim do “combate” com a morte do touro.
O quadro acima
nos mostra uma luta cujo objetivo é
enganar o touro vencendo-o pelo cansaço provocando sua morte pela desigualdade
de forças e estratégias (habilidade impossível ao touro). Nos mostra também uma
torcida dos considerados seres
racionais pela distração da parte mais fraca, com os efeitos
provocados das bandeiras sobre a visão dos touros.
Em seguida começam os mimos ao vencedor, a torcida vibra com
a morte do touro, jogam flores “para o grande vencedor da luta” o carregam nos
ombros e saem em procissão, dando a volta no grande anel do estádio! Uso palavras de Machado: "O muito mimo empece a planta". Podemos aplicar tais palavras também ao público que assiste as touradas, impedindo uma visão real dos fatos
ocorridos.
Os versos do
compositor e cantor, Zé Ramalho, na canção "Admirável gado novo", traduz esta luta desigual
e despercebida pelo povo.
Vocês que fazem parte desta massa
Que passa nos projetos do futuro
É duro tanto ter que caminhar
E dar muito mais que receber
E ter que demonstrar sua coragem
À margem do que possa parecer
E ver que toda esta
engrenagem
Já sentem a ferrugem lhe comer
OÔ, vida de gado!
Povo marcado
‘’ÊH povo feliz!’’
Adaptando o quadro
acima às escolhas brasileiras nas questões políticas, iremos verificar o óbvio: os touros, representando o povo, não têm a opção da escolha, e sim o disfarce do
discurso recheado de promessas, só
restando aos touros, “o povo”, o movimento
da capa enganadora para desviar do que mais importante havia na disputa (a
vitoria sobre o mal que leva à morte). Portanto lhes resta apenas morte no bem estar social, como na saúde,
educação, moradia, e até falta de água, tudo que faz uma nação forte e próspera, enquanto para
seus algozes, os louros da irracional vitória, com grande euforia.
E em todas as
lutas que se seguiram, observei o mesmo resultado: a morte dos infelizes touros, que foram para a arena.
Extraí das touradas algumas lições: Não
ficar olhando o movimento nem a cor das bandeiras, nem o movimento da capa de quem está empunhando-a,
mas suas reais intenções. Em segundo lugar, me fortalecer com conhecimento. Procurar conhecer, pois sem conhecimento sou fraco
como os touros da arena, só a força não é suficiente. E em terceiro, não torcer
para quem promove a morte pela fraqueza e falta de saber o que está se
passando. Não se distraia, procure saber! Não fique na torcida dos que se
corromperam e lhe roubaram o pão de cada dia tornando-o cada vez mais fraco, até a servidão e a morte.
Rio 24 de
fevereiro de 2017
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