segunda-feira, 2 de setembro de 2013

O pacificador

Um grupo de irmãos passou a se reunir às seis horas da manhã na ante-sala pastoral a fim de orar pela igreja. Eram jovens, e tinham uma preocupação genuína com o bem estar da membresia, pastor, ministros, administração etc. Certo dia um desses jovens teve problemas familiares, e o grupo ficou sensibilizado com isso. A oração naquele dia foi um clamor, e o grupo orava e chorava em alta voz. Repentinamente foram interrompidos por um homem, que atirando um molho de chaves sobre a mesa da sala os repreendeu firmemente:

-Deus não é surdo!

Depois desse dia, o grupo de oração acabou...

Bem aventurados os pacificadores , porque serão chamados filhos de Deus (Mateus 5:9).
Amar, perdoar e conciliar: regras bíblicas para todos os cristãos. Fica difícil tanto para os que pregam a fé e até mesmo para aquelas pessoas no exercício de qualquer liderança, seja ela eclesiástica ou mesmo secular, a não aplicação deste conceito deixado por nosso senhor e salvador Jesus Cristo: amar, perdoar e conciliar para pacificar. Sem dúvida, o perfil do líder interessado no crescimento da fé em Cristo deve seguir o que diz a palavra sobre amar: “O meu mandamento é este: Que vos ameis uns aos outros, assim como eu vos amei (João 15:12)”, perdoar: “Mas, se vós não perdoardes, também eu, vosso Pai, que está no céus, não vos perdoarei as ofensas (Marcos 11.26)” e conciliar: “Seja Paulo, seja Apolo, seja Cefas, seja o mundo, seja a vida, seja a morte, seja o presente, seja o futuro; tudo é vosso, E vós de Cristo, e Cristo de Deus (1 Coríntios 3:22,23).

Podemos citar alguns líderes que, mesmo não sendo cristãos, observaram o preceito bíblico e como resultado obtiveram grandes conquistas, homens que deixaram o passado para trás, investindo num ambiente de paz e prosperidade para todos. Mahatma Gandhi e Nelson Rolihlahla Mandela, foram fundamentais em acontecimentos históricos como o movimento pela independência indiana ou o fim do regime de segregação chamado “apartheid”. Substituíram palavras como ódio, vingança e segregação por outras: amor, perdão e conciliação. Devemos nos lembrar que tais atitudes encaixam-se adequadamente aos mandamentos da palavra de Deus.

Vejamos o exemplo de Mandela, que colocou-se contra a segregação racial e foi preso por vinte e oito longos anos. Mandela amou aquelas pessoas, compreendeu a situação degradante que viviam e foi capaz de sacrificar-se por elas sendo preso. Será que o homem de nossa pequenina história, ao incomodar-se com o grupo de jovens que estava orando naquela sala, não poderia tentar entendê-los? Pode até ser que eles estivessem se excedendo, mas será que não cabia o mínimo de compreensão? Compreender é amar, e quem sabe não caberia naquele dia um pequeno sacrifício, por mais que o clamor dos jovens incomodasse aquele homem.

Mandela saiu da prisão pedindo ao povo que esquecesse o passado, pois só assim alcançariam um ambiente de paz e prosperidade, tanto para negros como também para os brancos (que o mantiveram tantos anos preso). Isso não é uma tarefa fácil, mas aquele homem de nossa história também poderia perdoar os jovens por ofendê-lo com o “volume” de seus clamores.

Em 1994 Mandela tornou-se presidente da África do Sul, sendo eleito pela primeira eleição multi-racial que não foi determinada pelas regras do apartheid e pôs fim a este terrível regime. Ora, o homem que tão indignado adentrou á sala repreendendo os jovens poderia ter tomado outras atitudes, atitudes de amor, de perdão, e conversando com eles e entendendo suas razões, poderia conciliar e até mesmo orar pelo rapaz que naqueles dias vinha tendo problemas familiares. Em nossa pequena história isso não aconteceu, infelizmente, mas ela serve para que não tomemos atitudes equivocadas e sigamos a palavra de Deus e o exemplo daqueles que fizeram o que ela nos recomenda, pois isso nos guiará ao crescimento, e acima de tudo, à paz.

Rio, 10/03/2012 .

Um comentário:

  1. A vida só pode ser compreendida, olhando-se para trás; mas só pode ser vivida, olhando-se para frente.

    Soren Kierkergaard

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