Caminhava à beira mar. Naquele dia o sol aos poucos passava a iluminar o outro lado do globo. A cor púrpura aos poucos sumia na linha d'água. Começavam a aparecer os primeiros pontinhos de luz no céu (aqui na Ilha).
Meu olhar se perdia na imensidão à espera da lua, em sua luz refletida, que a todos encanta e inspira. Ela começou a surgir faceira, devagar, e a luz já bordava o horizonte, lá onde a água do mar parece juntar-se ao céu já estrelado. Essa visão muda a cada entardecer. Com a lua já alta clareando a orla e também meus passos, o brilho da fina areia branquinha cintilava a cada passo. Na suave caminhada, a escuma era um branco véu que contornava toda a praia, não olhava as pessoas, que como eu, apreciavam a beleza da natureza, que nos presenteava naquele dia, trazendo à mente nossa ingratidão para com ela, pois os homens não respeitam a vida marinha próxima à orla. Quando aqui cheguei, a vida marinha era abundante, cheguei a colher tarióba, um molusco grande que ficava sob a areia da praia, os tatuís corriam a se esconder na areia, a cada onda que quebrava.
Sentei-me em um banco na calçada, fiquei quieto, absorto, encantado diante desse quadro, incomum, diferente a cada dia. Eu viajava em meus pensamentos. Comparei a natureza a um órgão do corpo humano: o coração. Ele tem a função de regar todo nosso corpo com sangue, sustentando todo corpo até as extremidades, para que todos os membros funcionem com perfeição e vivamos com saúde. Negamos tal saúde à natureza hoje em dia. Também somos parte desta terra, deste globo azul! É aqui que vivemos, partes diferentes deste mesmo universo, que produz tudo que é preciso para viver. O bem estar e funcionamento do nosso corpo dependerá sempre de como cuidamos desse maravilhoso lugar. Tenho como paramento o coração do homem, que leva toda energia dos fios de cabelo às plantas dos pés. Essa comparação se dá porque o homem recebeu do criador a missão de cuidador do mundo. Fertilizar, plantar o solo para proporcionar a esse mesmo homem a energia suficiente para alimentar toda criação que se multiplica a cada dia, com o fruto vindo deste globo, que nos encanta ao entardecer. Minha mente, neste dia-noite, levou-me até o livro bíblico de Gênesis, onde se encontra a ordem do criador, que no ato da criação ordenou: cuidai, enchei a terra e do fruto do teu suor plantarás para o teu sustento. Desobediente, o homem foi expulso do paraíso. E hoje pagamos o preço, por ganância e irresponsabilidade, e teimamos em não admitir e assumir essa responsabilidade.
Fazemos parte da natureza temos a função, como homens , mulheres, avós, pai, mãe, tios e irmãos, de irrigar em todos os aspectos a natureza e a vida.vegetal e animal, desfrutando das riquezas minerais do seu subsolo. Assim como o coração leva o sangue a todo o corpo, a obrigação de irrigar nosso viver, tornando-nos fortes, preparados com educação, alimentando com o fruto que produz o solo, passando tudo que edifica com os mais experientes, respeitando as leis naturais, e seguir segundo o propósito para o qual fomos criados. "E Deus os abençoou e lhes disse: Sede fecundos, multiplicai-vos, enchei a terra e sujeitai-a; dominai sobre tudo" (Gênesis 1:28).
Rio, 10 / 10 /2014 Janilsonroberto.blogspot.com
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